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Policiais são condenados pela morte do ajudante de pedreiro Amarildo

ESTADO ASSASSINO - Por Genisson Santos* 

E quando a polícia, que deveria zelar pela segurança do cidadão, opta pelo outro lado. A polícia que deveria ser legítima, deixa transparecer sua banda podre, sombria e cruel. A polícia, que deveria assegurar o direito de ir e vir, sequestra. A polícia que deveria proteger, tortura e mata... E quando esta mesma polícia é levada ao banco dos réus...  

Após quase três anos, policiais envolvidos no caso Amarildo, foram condenados. Eles são acusados de sequestrar, torturar e assassinar o ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, em 13 de julho de 2013. Os PM’s integravam a Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha (UPP). Detalhes da sentença da Justiça do Rio de Janeiro foram apresentados no Fantástico, da Rede Globo, no último dia 31. Entre os condenados está o major Edson Santos, então comandante da UPP e o tenente Luiz Felipe de Medeiros, considerado o mentor do sequestro. Cerca de 25 agentes respondem pelos crimes de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha. 

Na época do desaparecimento do ajudante de pedreiro, a colunista da edição online do jornal O Globo, Eliane Brum, em seu maravilhoso “Onde está Amarildo?”, definiu: “Amarildo era ajudante de pedreiro e criava os seis filhos num barraco de um único cômodo, num ponto da favela em que o esgoto serpenteia pelas vielas e tuberculose é doença corriqueira. Não sabia ler, só escrevia o próprio nome”. [...] A realidade da vida de Amarildo, descrita pela jornalista, é tão triste e atroz quanto sua morte misteriosa. 

O caso Amarildo tornou pública a sordidez de uma parte da polícia, que em sua essência é uma instituição séria. No entanto, não é apenas isso. A morte brutal de Amarildo escancara para o Brasil crimes cometidos diariamente por um Estado omisso, ineficiente e atroz. Um Estado assassino. 

Naquela noite de julho de 2013, na Comunidade da Rocinha, a polícia era o Estado. E o Estado, que deveria garantir a integridade física do cidadão, não cumpriu o seu dever. Talvez por julgar indigno, aquele Amarildo. Afinal, tratava-se de um mero ajudante de pedreiro, um iletrado, que não mereceu sequer ter seu corpo enterrado. 

A história deste Amarildo Dias de Souza comoveu todo o País, ganhou as ruas e as redes sociais. A pergunta que ecoou em todos os lugares, ainda se mantém sem resposta: “Onde está Amarildo?”. O silêncio é devastador e nefasto.  

Que a punição dos policiais, que também foram expulsos da corporação, sirva de alento aos corações inquietos por justiça.       

* Genisson Santos é jornalista, comunicólogo e editor-chefe do Fato Entre Aspas.

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